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Nove Anos

“Precisamente às 15h23min há exatos 9 anos eu escrevia as primeiras palavras de ‪‎Centelha, livro cujas primeiras idéias surgiram em setembro de 2005 quando eu, aos 13 anos, me senti compelida a reescrever uma história pela qual tenho enorme admiração. Obviamente, desde uma perspectiva totalmente diferente, com personagens diferentes e bem mais complexos e realistas, psicologicamente falando. Em pouco tempo, já não era possível ali encontrar muito da história que inicialmente me inspirou; tratava-se de algo integral e originalmente meu.”

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Amigas…

“Não fazendo nenhum ruído, María Elena cautelosamente girou a maçaneta. A porta estava destrancada e, devagar, empurrou-a. Sentada e muito concentrada, lá estava Cristina, com os óculos diante os olhos verde azulados, a blusa lilás impecavelmente abotoada até o penúltimo botão e o cabelo farto e loiro emoldurando-lhe o rosto com perfeição. Minha amiga sempre bela, responsável e competente…

_ Não acha que está trabalhando demais, Cristina? – irrompeu María Elena.

Os olhos de Cristina levantaram-se imediatamente. A nova cor do cabelo de María Elena provocou-lhe um espanto inicial, mas não tardou em levantar-se e correr até a amiga.

_ María Elena! – gritou contente. – Um tanto quanto moderno, surpreendente e pouco conservador o tom vermelho de seu cabelo, porém ainda assim elegante e sofisticado…Acho que adorei! – comentou, sincera e sorridente. – O contraste com seus olhos é perfeito!

_ Exatamente o que acho… Luis Enrique pareceu um pouco assustado… – contou, entre risos.

_ Está na cidade há quanto tempo? – quis saber Cristina, incrivelmente empolgada.

_ Acabei de chegar! – respondeu a advogada, com enorme naturalidade. – E você, há quanto voltou do Japão?

_ Quase três semanas… Tive de antecipar minha vinda, graças a alguns estorvos que mantemos na empresa… – explicou, em sádico tom, retornando para seu habitual lugar. – Felipe e Miguel chegaram ontem… E aconteceram tantas coisas nesses dias… Foram realmente bastante intensos… A propósito, Eduardo perguntou-me sobre você…

Como presumira, Eduardo deve estar ansioso por explicações… Um enigmático sorriso surgiu no rosto de María Elena.

_ O que acha de almoçarmos juntas e termos uma partida de tênis no sábado, pela manhã? – sugeriu a ruiva.

_ Ótimo e completamente adorável! Assim terei tempo suficiente para contar o quão agitadas foram as últimas horas e também para saber como foi passar um desagradável mês no litoral… – expôs Cristina, rindo.

_ Acho que acabei de cometer uma loucura!

A exclamação veemente chamou a atenção de María Elena, que se virou para trás. Até então, Victoria não percebera que Cristina não estava sozinha. Surpreenderam-se duplamente.

_ María Elena?

_ Victoria? Desde quando conhece Cristina?

_ Eu que pergunto desde quando ela te conhece, María Elena… – disse Cristina, estranhamente confusa.

_ E vocês? Há quanto se conhecem? – perguntou Victoria, aparvalhada.

As três entreolharam-se atordoadas. Mesmo sem nenhuma resposta, estava claro que todas já se conheciam. Havia bastante tempo e eram bastante próximas. […] Inegavelmente estavam contentes com a descoberta. […] Sorriram e deixaram suas respectivas posições, encontrando-se em um coletivo abraço.”

(Trecho de Centelha, de Thaís Gualberto)

É difícil dizer que alguém é de fato seu amigo. É difícil dizer quando se pode ou não confiar, quando os interesses não são o afeto mas sim outros. Ainda assim, o coração reconhece os verdadeiros amigos, as dificuldades os selecionam, a razão os explicita. E tal como o verdadeiro amor, a verdadeira amizade perdoa, reconhece e não enxerga limites de tempo ou distância. E que assim sempre seja com meus verdadeiros amigos. E que com minhas melhores amigas seja sempre como as melhores amigas de minha ficção, como as melhores amigas que eu sonhei, porque eu posso dizer que tenho amigas tão boas amigas como essas três acima.

Feliz dia do amigo, amigos!

xoxo

@thais_gualberto